Muricy está "doente" e parece não conseguir mais montar um time vibrante.
- Iano Gabriel
- 1 de abr. de 2015
- 2 min de leitura

“Muricy estava doente. Padecia de uma doença tão comum que a maioria das pessoas a considera banal. Mas quando acontece com Muricy, ela o mergulha num estado de angústia, de profunda depressão, pânico e até fúria”.
Se trocarmos Muricy Ramalho por Frank Sinatra, temos o trecho exato de uma obra-prima assinada pelo jornalista Gay Talese, considerada até hoje a maior reportagem feita sobre o cantor. Um detalhe importante: Sinatra estava aborrecido com uma série de matérias expondo seus namoros e privacidades, então restou a Talese ouvir uma série de pessoas que de certa forma circundavam o universo do artista.
Não podemos falar por Muricy Ramalho, muito menos sugerir sua aposentadoria, mas há sinais cada vez mais inequívocos de que o treinador precisa ao menos parar por um período, antes que o futebol o torne uma pessoa ainda mais infeliz do que se viu nas últimas coletivas de imprensa.
As pessoas ao seu redor corroboram a impressão. Jogadores declaram que é preciso recuperar o ambiente. A mulher de Muricy diz que o treinador trabalha no sacrifício, adiando uma cirurgia na vesícula. O próprio técnico chegou a pedir demissão após a derrota para o Palmeiras. Uma semana depois, o São Paulo entra em campo em uma duríssima batalha contra o San Lorenzo. Pela primeira vez na Libertadores, o time argentino joga com o estádio aberto para a sua torcida. Uma derrota pode significar mais um passo (ou o definitivo) para o fim da segunda era do treinador no tricolor.
Em 2013, quando chegou para salvar o clube da ameaça do rebaixamento, foi como repatriar um ídolo que defendeu o São Paulo dentro de campo e à beira do gramado. Agora, o desânimo do treinador se tornou um parasita que a cada semana aumenta de tamanho. Não é só a questão de saúde. Muricy já reiterou que sente a falta de outros líderes dentro de campo. Já cansou de ouvir diretores usando a imprensa para criticar o seu trabalho. Não aguenta mais ter que ensinar o abecedário da motivação para jogadores preguiçosos, como Ganso e Pato.
Ao mesmo tempo, o treinador parece não conseguir mais ser capaz de montar um time vibrante dentro de campo. Aquele São Paulo que terminou 2014 em alta, vice-campeão brasileiro, não existe mais. Não há variações táticas nem convicção sobre o time titular. Um time lento, previsível, desmotivado, que nem mesmo o alto aproveitamento no estadual é capaz de camuflar.
Fonte: Carta Capital
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